Sonhos ruins durante a pandemia do Covid-19: O que pode ser?

Sonhos ruins, ou pesadelos, despertam sentimentos negativos em nós, muitas vezes representando medos e preocupações que já habitam em nossa mente, porém, por piores que possam parecer ao acordar, não costumam ser sinais de doença ou enfermidade, apenas um reflexo de um dia agitado ou hábitos ruins, como manter o celular ligado até o momento em que pega no sono.

Contudo, pacientes que tiverem Covid de forma moderada a grave, e pessoas que se mantiveram isoladas por muito tempo por proteção, vem relatando pesadelos com maior recorrência, e isso tem uma explicação!

Em geral, problemas de saúde mental atingiram mais pessoas durante a pandemia de Covid-19, dentre as mais comuns, podemos citar: Síndrome do pânico, Transtorno de ansiedade generalizada (TAG), depressão e agorafobia.

Estudos da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) apontam que quadros de ansiedade mais que dobraram entre 2020 e 2021, e os de depressão, aumentaram em até 90%.

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Esse crescimento abrupto não tem apenas relação com o medo em adoecer, mas também com a mudança repentina de rotinas sociais e de trabalho, além da preocupação em manter não só a si, mas toda a família protegida. A adaptação ao home office, a instabilidade das carreiras que não conseguiram se encaixar no padrão 100% digital, o medo de não ter suporte médico, e a incerteza sobre o período de tempo que continuaríamos isolados de outras pessoas também são responsáveis pelo agravamento desses quadros nesse período.

Mas, teria isso relação com os pesadelos?

A resposta é SIM, por diversos motivos.

Podemos apontar como um deles os próprios remédios para esses distúrbios, como antidepressivos e medicamentos para induzir o sono, podem ter como efeitos colaterais o aumento de sonhos ruins. Isso porque eles influenciam diretamente em neurotransmissores, provocando alterações na arquitetura do sono e, consequentemente, na característica das informações apresentadas.

Mas isso não é um motivo para abandonar os tratamentos, e sim conversar com seu médico sobre a durabilidade desse incômodo, que geralmente não se prolonga por muito tempo, sendo parte de uma fase de adaptação do organismo, ou a possibilidade da troca de medicação, afinal, cada corpo trabalha de uma forma, e ajustes às vezes precisam ser feitos antes de encontrar um ponto de equilíbrio que trará grande benefício no seu dia a dia.

Outra razão é o fato de que os sonhos são poderosas ferramentas do nosso subconsciente, que traduzem as experiências emocionais mais relevantes vividas em certo período de tempo, toda essa mudança de hábitos, falta de contato humano e preocupações com a saúde se refletiram também em nossa qualidade de sono, se tornando mais comum pesadelos onde a estamos em situações vulneráveis, ou até mesmo girando em torno de um enredo que reflete o medo da morte, e nem sempre é necessário que a Covid seja a protagonista desse roteiro.

O medo da contaminação se tornou tão grande, que, durante a reabertura controlada, era comum achar em análises de pesquisa do Google temas como “Sonhar que saiu sem máscara”, “Sonhar que as pessoas estavam sem máscara na rua” ou “Sonhar que esqueceu o álcool em gel em casa”.

O significado desses sonhos se torna, na verdade, muito simples depois que entendemos que eles são reflexos das nossas novas preocupações, que naquele momento, tinham relação com sermos contaminados e ficarmos doentes, ou até mesmo de não nos encaixarmos nas novas normas de segurança e sermos repreendidos por outras pessoas.

Após a chegada da vacina e a abertura total das atividades, esses sonhos ruins perderam a intensidade, dando lugar a formas mais otimistas: A falta de máscara representada neles já não causava tanto medo, um abraço já não era tão perigoso e às aglomerações passaram a não ser mais um grande absurdo.

Afinal, mesmo com o esquecimento de um dos itens de proteção e a não utilização dos mesmos, havia outras formas de proteção, e uma contaminação menos perigosa para quem seguiu o protocolo de vacinação.

Foi então que os sonhos relacionados a perdas familiares e morte se tornaram mais distantes, dando lugar a cenários bem menos assustadores, e a tendência é que sonhar com aglomerações e encontros seja algo mais tranquilo e que não cause mais medo.

Porém, se seus sonhos ainda são ruins mesmo após a queda dos níveis de contágio e vacinação, atrapalhando sua noite de sonho, vale a pena ficar atento, pois pode ser um alerta enviado através de sua mente sobre alguns resquícios de um trauma causado pelo isolamento, podendo inclusive configurar a síndrome do estresse pós-traumático, e nesse caso, o ideal, é procurar ajuda médica, como um psiquiatra, que ajudará a identificar a raiz do problema, além de encaminhar para sessões de terapia que irão auxiliar no autoconhecimento, libertação de medos irracionais e, em conjunto, encontrarão uma forma de lidar com a síndrome.

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