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Educação

Na pandemia, cresceu o número de crianças que não aprenderam a ler e escrever

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Estudos realizados por uma ONG indicam que número de crianças que não aprenderam a ler e escrever aumentou cerca de 65% na pandemia, chegando a 2,4 milhões.

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Criança Ler e Escrever na Pandemia

Os números indicam que percentual de 47,7% de crianças pretas de 6 a 7 anos não haviam sido alfabetizadas no ano de 2021. As pardas atingiram o percentual de 44,5% e brancas, 35,1%.

Os especialistas alertam para risco de evasão escolar em um futuro próximo. O estudo foi realizado pela ONG Todos pela Educação, coletando dados divulgados pelo IBGE.

O levantamento realizado pela Todos pela Educação foi divulgado na terça feira (8) e indica que 40,8% das crianças brasileiras, em idade entre 6 e 7 anos, não aprenderam a ler ou escrever no ano que passou. A título de exemplo, é como se uma sala de aula composta por 25 crianças, 10 delas não tivessem aprendido a ler ou escrever.

Para chegar neste percentual, a ONG averiguou dados do Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE. O levantamento realizado pelo IBGE é por meio de questionário que é respondido pelos responsáveis legais pelas crianças.

O número de crianças em idade entre 6 e 7 anos que não tinha sido alfabetizada sofreu um salto de 1,429 milhão no ano de 2019 (cerca de 25,1%) para 2,367 milhões (cerca de 40,8%) em 2021. O aumento, comparado ao ano de 2019, é de 65,6% de crianças não alfabetizadas.

O levantamento realizado pela ONG não considerou amarelos, indígenas e não declarantes. Caso estes públicos sejam inseridos, o aumento da taxa de crianças não alfabetizadas subiria para 66,3% entre 2019 e 2021.

Os números são alarmantes, pois em 2019 nenhum índice entre crianças pretas, pardas e brancas chegava a 30%.

Segundo a ONG Todos pela Educação, a pandemia foi responsável pela expressiva queda na alfabetização infantil, pois houve suspensão de aulas presenciais, o que levou as redes de se ensino a se adaptar ao cenário da COVID-19 nos últimos 2 anos.

Vanusa Alves, que é mãe das crianças Marcelly, de 7 anos, Desireé, de 10 anos e Matheus de 13 anos, afirma que viu isso bem de perto, ou seja, que verificou a diferença na alfabetização de sua filha mais nova, que estudou o primeiro ano do ensino fundamental na Escola Municipal de Malhada, interior do estado da Bahia.

Em seus dizeres, “Ela fazia as atividades em uma plataforma digital, mas quase não teve aulas. Ela dividia o celular com a irmã e eu auxiliava na hora das atividades. Mas não é a mesma coisa que estar numa sala de aula, com um professor sanando as dúvidas e ajudando no dia a dia”.

O decreto de 2019, que instituiu a Política Nacional de Alfabetização, teve por diretriz a prioridade na alfabetização no primeiro ano do ensino fundamental, porém, não foi isso que ocorreu com Marcelly.

Sua mãe explica que “Até hoje ela não sabe ler e escrever com a desenvoltura que se espera de uma criança de 7 anos, mas espero que ela consiga se recuperar esse ano, com a volta das aulas presenciais. Acho que ela vai absorver o que não aprendeu ainda e vai conseguir praticar a leitura e a escrita”.

Reverter a situação

O líder de políticas educacionais da ONG Todos pela Educação, Gabriel Corrêa, afirma que a queda na taxa de alfabetização ressalta mais ainda uma desigualdade que já era verificada antes mesmo da pandemia.

Corrêa diz que “Claro que todos foram afetados, mas neste cenário as mais prejudicadas foram as crianças negras, as mais pobres, que já tinham um desnível no acesso à educação em relação às crianças brancas e às ricas”. “A evasão escolar já é maior entre pretos e pardos. Se não houver políticas públicas para reparar as aprendizagens dessas crianças, em alguns anos esse pode ser mais um dos motivos que vai levá-las a abandonar a escola”, completa.

Mas, para o líder, a situação não é irreversível: “É preciso priorizar a educação, fazer muito mais do que tem que sido feito. Estabelecer ações desde já pra minimizar esses efeitos. E atender essas populações que estão em situação de vulnerabilidade, com ações de recuperação, de recomposição de alfabetização que essas crianças tanto precisam”.

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Bacharel em Administração e graduado em Tecnologia em Gestão Comercial, é especialista em criação de conteúdos sobre negócios. Faz parte da equipe de redação do IEF - Informação em Foco. Contato: [email protected]

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