Governo
Número de brasileiros que sofrem com insegurança alimentar grave sobe para 85%
O número de brasileiros sem acesso pleno ou permanente à comida aumentou. Ao todo, são 19,1 milhões de brasileiros nessa situação.
Aumentou o número de brasileiros com insegurança alimentar
Diante da pandemia da Covid-19, o Brasil agora enfrenta não só a pandemia causada pela Covid-19, mas também a epidemia da fome. A realidade de diversas famílias que precisam negar alimento para os filhos tem se tornado uma dura e angustiante rotina para milhões de brasileiros.
Nos últimos dois anos, o número de pessoas em situação de insegurança alimentar grave aumentou de 10,3 milhões para 19,1 milhões. Só neste período, quase 9 milhões de brasileiros passaram a ter experiência de fome em sua rotina. Mais da população está na situação de insegurança alimentar em diversos níveis, leve, moderado ou grave.
Os dados são do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, desenvolvido pela Rede PENSSAN (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar) que é parte do projeto VigiSAN.
Brasil voltou ao Mapa da Fome
Apesar de ser um problema histórico no Brasil, houve um momento em que o país conseguiu combater efetivamente a fome. Entre 2004 e 2013, os resultados da estratégia Fome Zero e as políticas públicas de combate à pobreza e à miséria, foram significativos. A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), que foi realizada em 2004, 2009 e 2013, apresentou uma significativa redução da insegurança alimentar na população. No ano de 2013, cerca de 4,2% da população em situação de fome havia caído. Sendo o nível mais baixo até o momento.
O resultado fez com que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura excluísse o Brasil do Mapa da Fome, tal mapa é divulgado periodicamente. Entretanto, apesar do sucesso brasileiro na garantia do direito humano à alimentação naqueles tempos, hoje em dia, tal direito sumiu. Os números atuais apresentam mais do que o dobro dos observados em 2009, por conta disso, o Brasil retornou ao Mapa da Fome.
Segundo o professor de economia da Universidade de Brasília, Roberto Bocaccio, as políticas públicas falhas e a recessão econômica no país deram partida a uma desigualdade social e, consequentemente, aumento da pobreza. Bocaccio chegou a dizer que “(…) Ou seja, os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres ficam cada vez mais pobres”.
Auxílios do governo ajudam famílias a comprar itens básicos, mas não garantem qualidade de vida e segurança alimentar
Um exemplo disso é a família de Vânia que morou em uma ocupação em Brasília conhecida como “Cerradão”, na Asa Norte. Ao lado de prédios, igrejas e instituições particulares, dezenas de famílias vivem em barracos feitos de lona e pedaços de madeira. A renda da família é proveniente da reciclagem de lixo.
Claúdio, de 45 anos, e a mulher, Márcia Larissa de, 28 anos, também viveram no Cerradão por longos anos e disseram que com o dinheiro da reciclagem, compravam alimentos para os filhos e alguns parentes, mas a pandemia dificultou ainda mais a realidade já que, aluguel, roupa e alimentos ficaram ainda mais caros. Enquanto que, na família de Vânia, o acesso à saúde e medicamentos é mais árduo.
Os auxílios oferecidos pelo governo conseguem mudar a realidade desses brasileiros, o Bolsa Família, por exemplo, auxilia as famílias de Vânia e Márcia Larissa a conseguir o mínimo diante dessa realidade árdua. Estas e outras famílias em situação de vulnerabilidade receberam o Auxílio Emergencial, no contexto da pandemia, e apesar da ausência do mesmo já decretada. O presidente Bolsonaro anunciou e lançou o programa Auxílio Brasil, novo programa governamental proposto para substituir o Bolsa Família.
Ao todo, o Auxílio Brasil irá chegar a aproximadamente a 10 milhões de pessoas, que são as que já faziam parte do Bolsa Família e também recebiam o Auxílio Emergencial.
A migração desses brasileiros será automática para o novo benefício.
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