COVID-19

Vacinação mudou o perfil de internados e mortos pela COVID-19 no Brasil

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Levantamento realizado por pesquisadores da Famerp indica que a vacina da COVID-19 trouxe equilíbrio para outros fatores tidos como de risco, como problemas no coração, neurológico e diabetes. A única exceção está na doença renal, que permaneceu em alto risco mesmo entre os vacinados.

Vacinação muda perfil de internados pela Covid 19

Os pesquisadores da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto), localizada no interior paulista, verificaram que houve uma redução do risco de internação e de mortes em pacientes com comorbidades e que se vacinaram contra a COVID-19.

Contudo, entre as pessoas com idade superior a 60 anos e pessoas com doença renal continuaram como fatores de risco, mesmo tendo sido vacinadas.

Os problemas de coração, fígado ou comprometimento imunológico, por exemplo, foram considerados fator de alto risco de internação pela COVID-19 somente entre aqueles que não foram vacinados.

O médico e virologista, Maurício Lacerda Nogueira, que é professor na Famerp e que também participa da pesquisa, afirmou que a “A vacina diminuiu o impacto de todas as comorbidades”.

Os dados apurados tiveram divulgação nesta semana através do “Journal os Infection”, do Grupo Elsevier.

Como o estudo foi feito

Os pesquisadores da Famerp realizaram a análise de dados de mais de 2.770 pacientes que foram internados com algum sintoma de COVID-19 no período compreendido entre 5 de janeiro e 12 de setembro de 2021. Assim, conseguiram analisar o impacto da vacinação nos pacientes internados.

Do total de participantes, 2.518 ainda não haviam se vacinado contra a COVID-19 no momento da internação, o que representa um percentual de 91% do total de pacientes participantes da pesquisa. A idade média dos participantes era de 51 anos.

Os pesquisadores, após analisar dados de pacientes vacinados e não vacinados, compararam as características de cada grupo como idade, sexo, apresentação de comorbidades, sintomas, condutas clínicas que foram adotadas ao longo da internação e desfecho (óbito ou recuperação).

Entre os pacientes vacinados, apenas aqueles com idade superior a 60 anos, bem como os que apresentavam histórico de problemas renais continuaram a ser um fato de risco aumentado com possibilidade de hospitalização ou mesmo morte.

Dentre os não vacinados, o risco é para aqueles com doenças renal, cardiopatias, distúrbios no fígado, distúrbios neurológicos, diabetes e comprometimento imunológico.

Lacerda Nogueira explica que “O que a vacina mudou foi o perfil da mortalidade. Ao invés daquela mortalidade que nós tivemos no meio do ano passado, onde atingia todas as faixas etárias e todas as comorbidades, a partir da vacina, essa mortalidade tende a ser maior apenas em idosos com insuficiência renal”.

A pesquisa não levou em consideração o tipo de vacina recebida, mas segundo Lacerda Nogueira, naquela época, a maioria tinha recebido a vacina CoronaVac e alguns poucos tinham recebido a AstraZeneca.

Outro ponto crucial é que a variante que era dominante na época do estudo era a gama, sendo que hoje é a ômicron.

Cássia Fernanda Estofolete, virologista da Famerp e primeira autora do estudo realizado, disse à Agência Fapesp que “Hoje, com a volta das cirurgias eletivas, o avanço da vacinação e a emergência da ômicron, temos visto um panorama diferente nos hospitais”.

Ainda, que “Muitos pacientes são internados para fazer uma cirurgia agendada ou por trauma e acabam descobrindo que estão com Covid-19, ou seja, não é o vírus que leva a pessoa ao hospital”.

E completou: “E também há muitos idosos com comorbidades que acabam sendo internados porque a Covid-19 exacerba a doença de base – descompensa o diabetes ou a insuficiência renal, por exemplo. A maioria já não é internada por SRAG [síndrome respiratória aguda grave], como era na época em que o estudo foi feito”.

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