Sem vacina eficiente, casos de dengue aumentam 35%

É desenvolvido pelo Instituto Butantan vacina contra a arbovirose há mais de 10 anos. Atualmente, apenas uma vacina está aprovada no Brasil, mas com restrição de uso.

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A Dengue é uma doença infecciosa que atinge milhares de brasileiros, caso que preocupa autoridades de saúde pública. De acordo com o Ministério da Saúde, nos primeiros dois meses de 2022, os casos de dengue aumentaram em 35,4% comparando com o mesmo período do ano passado, foram cerca de 30 óbitos e 128.379 casos.

Embora tenha pesquisas há décadas, não se tem uma vacina eficiente para a dengue, assim como vimos para a Covid-19. No Brasil há somente um imunizante disponível, mas apenas no mercado privado e com restrições para o seu uso. 

Desde o ano passado, outra vacina aguarda a aprovação da Anvisa, além disso, o Instituto Butantan, juntamente com parceria internacional, está desenvolvendo um imunizante do tipo, há mais de 10 anos. 

Entenda quais são as vacinas conhecidas, os estudos e a perspectiva para o SUS:

• Dengvaxia, da Sanofi Pasteur

A única vacina contra a dengue disponível atualmente no Brasil é a Dengvaxia, que é fabricada pelo laboratório francês Sanofi Pasteur. Esse imunizante é  vendido somente em redes privadas na maior parte do Brasil e não é disponível no Programa Nacional de Imunização. Segundo o fabricante da vacina, ela promove imunidade de longa duração para os quatro sorotipos da dengue e pode prevenir aproximadamente 8 em cada 10 casos graves de dengue. Os sorotipos são diferentes linhagens de um organismos que causam uma doença. Em relação à dengue eles são chamados de arbovírus, que significa que normalmente são transmitidos por mosquitos (o Aedes aegypti).

Veja quem pode tomar a vacina 

 De acordo com a Anvisa e a Organização Mundial de Saúde, a vacina Dengvaxia  não é recomendada para pessoas que nunca entraram em contato com o vírus da dengue.Uma vez que, a própria fabricante da vacina informou que pessoas soronegativas que tomaram a vacina apresentaram mais casos graves da dengue, logo após uma infecção pela doença. Desse modo, a vacina é indicada somente para indivíduos de 9 a 45 anos que apresentam infecção prévia por dengue. A vacinação é composta por três doses, que são intercaladas em um intervalo de 6 meses.

Entenda como a vacina está disponível

O único estado do Brasil que chegou a disponibilizar o imunizante da Sanofi foi o Paraná. Em 30 cidades do estado ocorreu a campanha contra a dengue, que foi no período de agosto de 2016 a setembro de 2017. Já no ano de 2018, a vacina foi disponibilizada apenas para pessoas que tinham recebido a vacina nos anos anteriores.

Veja o por que a vacina não foi incluída no Programa Nacional de Imunização

Segundo Carla Domingues, epidemiologista e ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização, a decisão do governo paranaense foi precipitada. Na época em que ocorreu a campanha de vacinação no estado, o governo se posicionou afirmando que não iria implantar a vacina até o momento que houvesse mais dados para subsidiar a decisão. A epidemiologista acrescenta dizendo que a decisão do Ministério foi adequada, já que era necessário ter mais evidências para a inclusão da vacina no PNI.  

• TAK-003, Da Takeda

Foi enviado à Anvisa, em abril do ano passado, pela farmacêutica Takeda a solicitação do registro de sua vacina tetravalente contra a dengue,a TAK-003. Segundo a Anvisa, a solicitação do pedido de registro segue em análise. 

Os elegíveis para a vacinação

A proposta da vacina é indicada para prevenção da dengue em indivíduos de 4 a 60 anos de idade. Logo, não há distinção entre quem teve ou não a doença antes. Ela pode ser aplicada em ambos os casos. 

• Vacina da dengue do Butantan

O Instituto do Butantan está desenvolvendo uma vacina contra a dengue há mais de 10 anos, juntamente com o Instituto de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos. No ano de 2016, o estudo avançou para a fase 3 e hoje está na etapa de acompanhamento. 

Essa vacina, que também é tetravalente, protege pessoas com ou sem o contato prévio com o vírus da dengue.A vacina está sendo realizada com os quatros tipos de vírus da dengue enfraquecidos. Logo, a expectativa é que seja necessário somente uma dose da vacina, já que os estudos comprovaram que a dose adicional não mostrou diferenças.De acordo com o Instituto, as reações mais comuns foram leves, como dor de cabeça, erupção cutânea, fadiga e dor muscular. O butantan afirma que a pesquisa deve ser finalizada até 2024.