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Papa mantém perfil conservador de bispos no Brasil

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Em 9 (nove) anos, sistema de nomeação de bispos no Brasil não foi modificado pelo papa Francisco.

Papa mantém um perfil bem conservador de nomeação a bispos no Brasil desde o princípio do pontificado.

Francisco nomeou, até o final de 2021, 121 bispos. Destes, apenas 20 são considerados “progressistas”, conforme a avaliação realizada por religiosos católicos que são alinhados à Teologia da Libertação, que se trata de uma doutrina que se identifica com a “opção preferencial pelos pobres” e que passou a ser difundida nos anos 70.

O papa Francisco, cujo nome é Jorge Mario Bergoglio, é argentino e foi eleito no conclave de 13 de março de 2013. São considerados como tímidas e acanhadas as mudanças no episcopado brasileiro ao longo de 9 (nove) anos de pontificado.

A ala “progressista” católica tem uma expectativa de que sejam absorvidos por bispos brasileiro os “novos ventos” do pontificado de Francisco, que é tido por um papa mais aberto, trazendo “um novo rosto à Igreja no Brasil”.

Contudo, na lista de bispos nomeados por Francisco nos últimos anos de pontificado é possível perceber a predominância de “conservadores”, que são mais ligados às questões internas da Igreja e que não se envolvem com temas de cunho social.

Manoel Godoy, teólogo e professor da Faculdade de Filosofia e Teologia Jesuíta (FAJE) e do Centro Loyola de Espiritualidade, ressalta que o papa não teve êxito na tentativa de mudança de mecanismos de nomeação dos bispos.

Godoy esclarece que o papa exerce influência e dá a palavra final, mas o procedimento para escolha de bispos continua sob o comando do núncio apostólico (representante do Vaticano) existente em cada país.

Na sua opinião (Godoy) o processo de escolha em solo brasileiro deveria estar sob o comando da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

“Enquanto essa metodologia de escolha estiver nas mãos da nunciatura, e da forma como os novos são indicados, se não for alterada, não haverá mudanças. Não mudou a nunciatura nem mudou o método de escolha. Não é só a mudança do nome do núncio. O processo tem de passar para a CNBB, que deveria ser responsável pela escolha de seus membros. Não pela nunciatura, por alguém que vem de fora e representa o Estado do Vaticano. O núncio é o embaixador do Vaticano”, explica.

O teólogo ainda afirma, com referência na história da Igreja Católica, que, no princípio, o papa São Celestino, do século V, defendeu a posição de que um bispo não deveria ser imposto.

“E nesse sentido, há uma reivindicação crescente na Igreja para que se amplie a participação nos processos de nomeações de párocos e bispos”, esclarece.

Em agosto de 2020 houve a nomeação do novo núncio no Brasil, Giambattista Diquatro, um italiano nascido na cidade de Bologna, que está dando continuidade à manutenção da ala conservadora. Diquatro é visto como mais em sintonia com o governo do presidente Jair Bolsonaro do que com a própria CNBB.

Diquatro apresentou suas credenciais ao Presidente da República depois de passados 5 (cinco) meses de sua indicação, comparecendo ao Palácio do Planalto usando vestimentas tradicionais, o que ocasionou diversas críticas de setores da Igreja.

No ano de 1985 ocorreu uma mudança de posicionamento nas nomeações de bispos no mundo todo.

Entre os 20 novos bispos de Francisco, que compõem a ala “progressista” se encontra Dom Arnaldo Carvalheiro, de Itapeva (SP), cuja nomeação ocorreu no ano de 2016.

Dom Arnaldo ganhou mais notoriedade em um vídeo que foi divulgado em redes sociais em outubro de 2021, em que faz um discurso mais duro e enfático mostrando ser solidário ao arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, à CNBB e ao papa Francisco.

Dom Orlando se tornou alvo de ataques bolsonaristas por defender um país “sem corrupção, pobreza, mentiras e armas” e que não poderíamos ter “uma Pátria armada”.

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