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Foto de Menino da Cidade de Deus viraliza e entra para agência de modelos

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Fotógrafo que viu a imagem capturada de menino da Cidade de Deus na porta de ONG descreveu o olhar da criança como “extremamente expressivo”. O garoto vice com a mãe e mais 2 (dois) irmãos em comunidade na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Menino da Cidade de Deus

Davi Gonçalves Augusto da Rocha Brito tem 11 (onze) anos de idade e chama a atenção por sua beleza e por ter iniciado uma carreira de modelo que pode ajudar a mudar sua vida e de sua família.

Sua história ganha contornos positivos após ser registrada sua imagem em frente ao portão de uma ONG situada na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Na terça feira (15) a criança passou a integrar a agência de modelos 40º Models, uma das maiores do país.

O dono da agência, Sérgio Mattos afirma que “Ele lembra a menina do Afeganistão, da National Geographic. Ele tem um estilo legal. Dá para ver que é um menino simples, com uma história difícil. Ainda é tímido. Ele ganhou uma bolsa para se preparar para fazer fotos e desfilar”.

Mattos é um dos maiores nomes do ramo de agência de modelos e tem mais de 30 (trinta) anos de experiência nesta área. Ele se refere à semelhança do olhar do pequeno Davi com a de Sharbat Gula, que ganhou atenção mundial quando foi capa da publicação da National Geographic, no ano de 1985, e que registrou a dificuldade de afegãos que precisavam atravessar a fronteira do Paquistão para fugir da guerra.

O dono da 40º Models diz que a beleza do garoto é “estonteante” e crê que ele terá um futuro no ramo da moda. Mattos já trabalhou com famosos como Cauã Reymond e Gisele Bündchen.

De acordo com Mattos, pouco tempo após publicar a foto de Davi no Instagram recebeu propostas de trabalho para o garoto. Porém, informa que antes de o menino começar a trabalhar, precisa ser preparado e receber aulas de dança.

Olhar no portão

Davi chamou a atenção do presidente da ONG Nóiz Projeto Social, André Melo, quando apareceu no portão da organização, na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio.

“A gente estava fazendo uma confraternização de fim de ano lá na ONG e ele apareceu na porta. Eu estava muito próximo do portão e vi o olho dele. Chamou muito a atenção a expressão. Quando eu abri, eu vi aquilo e fiz um clique”, afirma.

A ONG tem várias ações de profissionalização, educação e atendimento psicológico voltada para os moradores da comunidade.

André Melo postou a foto de Davi e um fotógrafo parceiro da ONG, Wallace Lima, ofereceu ajuda. Melo e Lima se conhecem através de uma amiga em comum que é assistente social.

Melo afirma que “Quando essa amiga postou que estavam montando um projeto pra gestantes sem companheiros e sem acompanhamento, eu ofereci ensaio como forma de dar acesso a fotos profissionais para essas meninas. Assim conheci o André. Quando ele postou a foto do menino Davi, pedindo uma oportunidade, de cara a imagem me chamou atenção, e falei que faria as fotos dele para ajudar na divulgação. O olhar do menino Davi é extremamente expressivo”.

O sucesso nas redes sociais foi grande e contribuiu para a oportunidade que se apresentou: integrar como modelo da agência 40º Models para uma marca de roupas infantis.

A mãe de Davi, Taiane Gonçalves, é sua maior incentivadora. Ela trabalha fazendo bicos como faxineira e possui mais 2 (dois) filhos, sendo uma menina de 13 (treze) anos e um menino de 10 (dez) anos de idade.

Disputa por área

O olhar expressivo de Davi esconde a realidade de uma triste história de disputa por territórios que ocorre no Rio de Janeiro. Taiane revela que o garoto herdou os olhos do pai, já falecido.

“Quando ele nasceu, todo mundo falou: ‘Meu Deus! Moreno dos olhos verdes! A cara do pai’”, conta.

Taiane contou que a família já viveu na região de Jesuítas, um sub-bairro de Santa Cruz, que também fica na Zona Oeste do Rio de Janeiro, chegando a possuir um imóvel pelo Minha Casa, Minha vida. Porém, o pai do menino entrou para o radar dos milicianos que faziam controle da região em razão de vício em drogas e por este circular em áreas que estavam sob o comando de grupos rivais.

Com o risco, Taiane resolveu se mudar com os filhos para a Cidade de Deus, vindo o pai do pequeno Davi a ser morto por criminosos. “Mataram, tomaram o apartamento e tudo o tínhamos comprado”, conta.

Davi está, atualmente, cursando o 3º ano do ensino fundamental em uma escola municipal na Cidade de Deus e já voltou às aulas presenciais. De acordo com Taiane, esta já tinha pensado em levar o filho para posar para fotos. “Já tinha levado, mais novo, para fazer foto. Mas ele era mais tímido. E nem corri mais atrás”, revela.

Davi é descrito pela mãe como um garoto tímido e de poucas palavras. Ao ser perguntado o que achar de ser modelo, respondeu apenas que acha “legal”. Seu sonho, neste momento, é ter um celular para poder jogar “jogo de zumbi”.

A mãe, orgulhosa, conta que “falam que ele é bonito e ele fica cheio de vergonha”.

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