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Fenômeno climático ‘Rio voador’ está causando catástrofes em todo Brasil
As tempestades que estão causando tragédias como as verificadas na cidade de Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, é um fenômeno em comum com a sequência verificada desde o final no ano passado.
Da mesma forma que a água corre em terra, existem fluxos massivos de água que estão nos céus.
Na América do Sul há um grande corredor de umidade atmosférica que vai desde a região da Amazônia até o centro sul do Brasil.
Este é o ‘rio voador’ que leva parte da água evaporada no norte do país para outras localidades do território brasileiro.
A metereologista da Metsul, Estael Sias explica: “É uma região muito úmida e tropical, onde tem um aquecimento constante. A Floresta Amazônica por si só já despeja uma quantidade enorme de água na atmosfera pela evaporação”.
“O relevo da América do Sul, a cordilheira dos Andes, não deixa essa umidade escapar do continente, obrigando esse rio voador a descer.”
Caso o corredor de umidade se encontre com uma massa fria vinda do sul, as carregadas nuvens têm tendência a concentrar em alguns dias sobre uma região. Assim, um fenômeno tam a capacidade de potencializar o outro que, por sua vez, termina por criar um terceiro, a chamada ‘zona de convergência do Atlântico Sul. Esse terceiro fenômeno criado é recorrente durante o período de verão nesta região, provovando chuvas muito fortes.
Isso explica o que ocorreu no estado da Bahia, no fim do ano de 2021, e no estado de Minas Gerais, no princípio do mês.
Depois disso, foi a vez de São Paulo ser castigada com chuvas torrenciais e, no presente momento, Petrópolis (RJ), causando diversas tragédias como inundações, deslizamentos e mortes.
Estael Sias afirma que o ‘rio voador’ da América do Sul possui uma altitude de 5 a 10 quilômetros do solo e fica ativo ao longo de todo o ano.
O curso e alcance do ‘rio voador’ têm influência da dinâmica dos ventos e passagem de outros fenômenos.
“No inverno, um sistema de alta pressão atmosférica não deixa a maioria das frentes frias subirem até o Sudeste ou o Centro-Oeste, por isso é um período muito seco nessa parte do país, e o rio atmosférico consegue ir até mais ao sul”, afirma Sias.
“No verão, esse bloqueio vai para o oceano, se afastando do continente, e as frentes frias conseguem subir. Quando sobe uma frente fria, ela se conecta à umidade amazônica, e elas vão andando juntas até parar em cima do Sudeste ou do Nordeste do Brasil e se transformar em chuvas e temporais.”, completa.
Como a Amazônia distribui chuvas na América do Sul?
Na imagem abaixo, é possível verificar como a Amazônia faz a distribuição de chuvas por toda a América do Sul:
Fenômeno é característico do verão
Muita gente acha que essas chuvas são excepcionais. No entanto, Francisco de Assis, do Instituto Nacional de Meteorologia, esclarece que estas zonas de convergência são características da América do Sul no verão. “Dependendo do ano, ocorrem mais para o sul ou mais para o norte”, afirma Assis e complementa: “Há uma alta liberação de calor e umidade da Amazônia devido às temperaturas elevadas”.
O especialista também explica que nessa época há uma maior evaporação de água nos oceanos Atlântico e Pacífico, o que ajuda a intensificar os fenômenos meteorológicos.
A meteorologista do Climatempo, Josélia Pegolim, afirma que as zonas de convergência que acontecem todos os anos podem ser em maior ou menor intensidade.
“Se pegarmos outros eventos de desastres naturais e de chuvas catastróficas, no Sudeste em particular, quase todos, ou a maior parte, estiveram associados à formação de zonas de convergência”, esclarece.