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Fabricante de chá emagrecedor que pode ter causado morte de enfermeira está com CNPJ suspenso desde 2015
O fabricante de um chá emagrecedor, utilizado por uma enfermeira e que, possivelmente, é a causa de sua morte, está com o CNPJ vencido desde o ano de 2015. E apesar de a comercialização estar proibida pela Anvisa, o fabricante vende o produto pela internet, sem receita médica. Empresa também já teve outros produtos apreendidos pela Anvisa em 2012.
A enfermeira Mara Abreu morreu na quinta feira (3) após ter tomado um chá emagrecedor em cápsulas “50 ervas Emagrecedor”. Produto pode ter sido o responsável pelo seu falecimento e a empresa que o comercializa está com CNPJ suspenso desde o ano de 2015.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou na sexta feira (4) que os produtos da marca estão proibidos de serem comercializados no Brasil desde o ano de 2020 por ausência de regularização como medicamentos. Contudo, apesar da proibição, que o chá em cápsulas é vendido pela internet, sem receita médica.
No rótulo do produto encontrado em meio a pertences da enfermeira Mara Abreu, consta a empresa Pro-Ervas como responsável pela fabricação do chá em cápsulas. Porém, o número do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas) que se encontra impresso na embalagem, é da empresa Sebastião Rocha de Souza LTDA. No site da Receia Federal o CNPJ consta com status de “baixado”.
Significa que a empresa está extinta e não pode mais ter o CNPJ reativado. O motivo do encerramento da Sebastião Rocha de Souza LTDA, conforme consta no cartão de CNPJ no site da Receita Federal, é a “Extinção por encerramento por liquidação voluntária”, que significa que ela foi extinta por decisão voluntária dos responsáveis pela empresa.
A empresa já teve produtos apreendidos no ano de 2012, pela Anvisa. Naquela oportunidade a agência apreendeu e suspendeu todos os produtos que fossem sujeitos à fiscalização sanitária e que eram de fabricação da empresa pelo fato dela não possuir autorização de funcionamento que deve ser requerido à Anvisa.
O portal G1 tentou contato com os responsáveis pela Sebastião Rocha de Souza LTDA, porém, o número de telefone que consta registrado no cartão CNPJ é inexistente.
Sebastião Rocha de Souza, nome da empresa vinculada ao CNPJ é o nome do químico que assina como responsável técnico dos produtos da Pro-Ervas.
Revolta de familiares
A prima de Mara Abreu, Márcia Cristina Oliveira, deu entrevista ao G1 e afirmou que é muito revoltante “uma coisa tão perigosa ser vendida sem alerta”. Completou dizendo que “Nós ficamos revoltados que seja uma coisa de tão fácil acesso e não tem informação do perigo. Acho que pra isso ser vendido precisa ser falado que tem diversos riscos, porque é uma revolta muito grande um produto ter tanto acesso sem nenhum alerta”.
O G1 ainda procurou especialistas que alertaram para os riscos da ingestão de suplementos naturais que fazem promessas milagrosas. A médica Liliana Ducatti Lopes acompanhou o caso da enfermeira no Hospital das Clínicas e afirmou que Mara “teve hepatite fulminante após tomar um chá emagrecedor com uma mistura de ervas como chá verde, carqueja e mata verde”.
A enfermeira Mara Abreu ainda chegou a receber um transplante de fígado no domingo (30), porém, não resistiu e morreu na madrugada de quinta feira (3).
Ao longo da internação da paciente, a equipe médica passou a investigar qual seria o remédio responsável pelo desencadeamento da hepatite que levou à necessidade de se realizar um transplante. A pedido da equipe, os familiares passaram a procurar remédios em meio aos pertences de Mara Abreu, vindo a encontrar o chá em cápsulas.
Nos dizeres de Márcia, prima da enfermeira, “Aí a gente começou a fuçar as coisas dela, e encontramos na gaveta dela esse chá em cápsulas, e levamos para eles. Foi quando eles constataram, pela composição daquelas cápsulas, que tudo ali era prejudicial ao fígado”.
Os familiares da enfermeira desconheciam o seu uso do chá em cápsulas e acreditam que ocorria há menos de quatro meses, pois o rótulo consta data de fabricação de outubro de 2021.