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Após a condecoração de Bolsonaro, Sydney Possuelo devolveu sua medalha em forma protesto
Ex-presidente da Funai abriu mão da comenda em protesto à condecoração de Bolsonaro.
Condecoração de Bolsonaro é contraditória
O Sertanista Sydney Possuelo possui atuação reconhecida internacionalmente e decidiu abrir mão da comenda em protesto. Possuelo disse que se ele se sentiu ofendido, o que pensa e sente os povos indígenas e aqueles que, de fato, se dedicam à causa?
O ex-presidente da Funai devolveu sua medalha nesta quinta-feira, no Ministério da Justiça, a medalha de mérito indigenista que recebeu há 35 anos.
Possuelo é reconhecido tanto no Brasil quanto no exterior por sua atuação com povos indígenas isolados e devolveu a medalha por ter se sentido ofendido com a condecoração do presidente da República, Jair Bolsonaro(PL).
O cerne da questão é que o presidente Bolsonaro já atacou os povos indígenas em suas falas e expressões e, por conta disso, o etnógrafo se sentiu ofendido por tal condecoração indevida ao presidente.
Devolução da medalha e carta íntima sobre o acontecido
O indigenista fez um anúncio sobre a devolução da comenda e também fez uma carta endereçada ao ministro Anderson Torres. Apesar de não ter mencionado o teor do documento, Possuelo afirmou que a carta é íntima e busca expressar a sensação de alguém que se sentiu profundamente ofendido com o acontecimento.
A principal intenção do etnólogo é chamar a atenção para a política anti-indigenista do atual governo. O mesmo citou que consta na Constituição, no artigo 23, determina e oferece prazo para as demarcações e, o presidente durante sua campanha afirmou que não vai demarcar. O que caracteriza como uma ação contra os povos indígenas. Por conta disso, foi julgado essa política como a pior de todas.
O etnólogo chegou a dizer que possui orgulho da medalha há 35 anos, mas notou que está desmanchando e, ao ver que Bolsonaro não possui cuidado algum com os povos, mas a recebeu, isso o chateia e ofende. Afinal, é a luta de uma vida inteira.
Entidades indigenistas, como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), estão se movimentando para que a Justiça brasileira se manifeste em relação à condecoração do Presidente da República.
Vale ressaltar que a homenagem foi criticada no Congresso e em diversas redes sociais.
Medalha de mérito foi criada em homenagem para aqueles que dedicam a vida à causa
Sydney Possuelo, ex-presidente da Funai, recebeu sua comenda em 1987 por suas ações aos povos indígenas. A medalha de mérito indigenista foi criada em 1972 como uma forma de condecorar aqueles que dedicam a vida à causa.
Na gestão à frente da Fundação Nacional do Índio(Funai), Sydney Possuelo, em 1990 participou da demarcação das terras Yanomami e de mais de 166 novas demarcações de outros povos indígenas, a quantidade duplicou em sua gestão. Em sua gestão ocorreu maior cuidado com os índios isolados, através de ações voltadas à proteção de comunidades ameaçadas por madeireiras e garimpo ilegal na Amazônia.
O ex-presidente considerou que foram 48 anos de indigenismo, sendo grato à vida ter concedido a oportunidade de trabalhar com os índios. Chegando a declarar que a convivência com eles “abre” a cabeça e o coração para sentimentos perdidos na sociedade e, afirma que, o prestígio cair na mão de pessoas erradas é uma desonra.
A condecoração do presidente Bolsonaro foi realizada nesta semana e causou grande revolta nos apoiadores da causa, já que o presidente além de ter ofendido e xingado em diversas ocasiões os povos indígenas, ainda conseguiu ser condecorado por uma causa que sai em defesa deles. No mínimo, atitude contraditória ao que é o presidente e suas crenças.