Cartões
Maior procura pelo rotativo do cartão de crédito em dez anos, segundo Banco Central
As concessões de empréstimos aos brasileiros, através de cartão de crédito rotativo, foi a maior em 10 anos no ano de 2021, segundo os dados do Banco Central coletados desde 2012. Os cartões de crédito possuem a maior taxa de juros praticadas no mercado.
Os números divulgados pelo Banco Central do Brasil (Bacen) mostram que no ano de 2021 houve um aumento expressivo de pessoas físicas que buscaram concessões de empréstimo através de cartão de crédito rotativo.
Esta série histórica para anos fechados teve início no ano de 2012, sendo a maior em 10 (dez) anos.
As pessoas que não conseguiram pagar o total da fatura na data de vencimento acionam o crédito rotativos do cartão de crédito. A parcela não paga é considerada pelo Bacen como estatística em linha de financiamento.
Conforme dados divulgados pelo Banco Central, em 2021 foram concedidos créditos, por parte das instituições financeiras, no total de 224,7 bilhões de reais. A m´dia mensal atingiu o patamar de 18,7 bilhões de reais.
O crescimento por este tipo de financiamento teve uma alta de 23% se comparado ao ano de 2020, em que foram concedidos créditos no total de 182,7 bilhões de reais, ou 15,2 bilhões mensais. Este aumento foi superior à expansão média de concessão de todo o crédito bancário no ano de 2021, na ordem de 19%.
A alta coincide com a alta dos juros, inflação e endividamento de famílias perante os bancos. Comparada à renda acumulada no período de 12 (doze) meses, o endividamento atingiu o patamar de 51,1% em outubro de 2021, sendo considerado um novo recorde.
O diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, afirma que esta alta no endividamento reflete o momento delicado pela qual passa a economia brasileira e que impacta na família do brasileiro.
“É um um processo não só de endividamento elevado mas desemprego elevado, mas também de queda de renda frente à uma alta da inflação, à uma pandemia que desarranjou a estrutura familiar com a relação à renda: alguém morreu ou perdeu o emprego, ou renda foi reduzida pela menor quantidade de trabalho”, disse.
Outras linhas de crédito
A procura por solução através de cartão de crédito rotativo foi superior à procura por crédito pessoal para pessoas físicas, mas ainda é menor do que a procura por crédito consignado, que é aquele em que há desconto em folha, e o cheque especial.
Os empréstimos através de outras linhas de crédito no ano de 2021 foram:
– Cheque especial para pessoa física: 348,484 bilhões de reais;
– Consignado: 231,124 bilhões de reais;
– Crédito pessoal não consignado: 164,616 bilhões de reais.
Ainda conforme o Banco Central, em 2019 as concessões do cartão de crédito rotativo responderam por 61% das outras 2 (duas) modalidades, sendo elas, crédito consignado e crédito pessoal não consignado.
O Bacen avaliou que “Essa proporção caiu para 50% em dezembro de 2020, possivelmente em razão do auxílio emergencial, e, no final de 2021, subiu para 57%. Ou seja, essa distribuição relativa se alterou em 2020, e, em 2021, retornou a um nível próximo daquele observado antes da pandemia”.
Taxas de juros dos Cartões de Crédito
No fim de 2021 os juros bancários praticados em relação às pessoas físicas com cartão de crédito rotativo tiveram um total de 349,6% ao ano, correspondendo a um crescimento de 21,8 pontos percentuais.
A Anefac indica que esta é a maior taxa de juros praticada no mercado de crédito do Brasil:
– Patamar verificado no final do ano de 2021 foi o maior desde agosto de 2017, que estava em 392,3% ao ano;
– Crescimento de 21,8 pontos percentuais em 2021. A taxa somou 327,8% em 2020;
– Os juros dessa linha de crédito subiram 3 (três) vezes mais do que a taxa Selic que foi fixada pelo Bacen para conter a inflação.