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Representante dos Caminhoneiros fala sobre a greve a recusa do novo auxílio, confira
A crise dos combustíveis afeta diversos trabalhadores em todo o Brasil. Nos últimos dias, a população acompanha os constantes reajustes no valor da gasolina e diesel. Para aqueles que sobrevivem do meio de transporte, o cenário é repleto de angústias. Confira a opinião sobre o novo auxílio sugerido pelo presidente Bolsonaro.
Estratégia política
Nesta última semana, o presidente Jair Bolsonaro tem buscado amenizar as chances de greve através do anúncio sobre pagamento de um auxílio caminhoneiro no valor de R$ 1 mil. A medida já foi aprovada no Senado e possui o objetivo de garantir a popularidade do atual chefe de estado nas eleições de outubro.
Além da estratégia política, a crise que tem se instalado sobre os combustíveis afeta diretamente a carteira dos caminhoneiros que atuam como autônomos. A venda de combustíveis em dólar diminui o poder de circulação desta classe trabalhadora que revela não acreditar mais nas promessas do presidente.
Atentos à nova realidade, o portal FDR convidou o associado da Associação Pernambucana de Caminhoneiros (APECAM), Renato Amorim, para uma entrevista.
Associado da APECAM explica a insuficiência do Auxílio Caminhoneiro
Questionado sobre a possibilidade do Brasil enfrentar uma nova greve dos caminhoneiros e o que falta para esta tomada de decisão, Renato explicou que a probabilidade é pouca já que não há um sindicato ou pessoa responsável que lute pela classe. Por conta disso, sem apoio do governo ou de empresas, o autônomo não possui forças para fazer isso.
De acordo com a categoria que afirma ser a malha rodoviária, seria ideal que atingisse o preço do combustível, já que é preciso abaixar os preços para que o transporte possua condições.
Renato ainda respondeu que o principal problema enfrentado pelos caminhoneiros é o preço do combustível, outros fatores envolvem as estradas e a segurança. Outro grande problema enfrentado pela classe são as transportadoras, onde o autódromo não pode pegar uma carga direto na distribuidora por conta de uma política da transportadora de pegar o frete cheio e repassar com a margem de lucro absurda para eles e para os caminhoneiros, embaixo.
Diante do anúncio da criação do Auxílio Caminhoneiro, a classe demonstra que não iria ajudar. Um exemplo dado pelo representado é que cada abastecimento diário custa em torno de três mil ou três mil e quinhentos reais, o valor proposto é inviável e, por isso, insignificante. Mesmo que tirando de outros órgãos, como a saúde e educação, não será favorável à classe autônoma, já que o problema é a falta de mudança na política de preço que não possui uma resolução.
Bolsonaro não cumpriu nenhuma promessa feita à classe
Durante a entrevista foi relatado também a aprovação da classe à candidatura de Jair Bolsonaro em 2018 por conta de suas promessas apresentadas durante o período de campanha, mas Renato Amorim respondeu que não foi cumprido nenhuma das promessas feitas na campanha, principalmente àquelas que se referem aos caminhoneiros autônomos. O posicionamento da APECAM nas eleições de 2022 será não declarar apoio a nenhum candidato.
A última pergunta feita foi sobre as questões que envolvem o ICMS dos combustíveis, a política de preços da Petrobras e sobre a privatização da mesma, e Amorim relata que o que está acontecendo é justamente a política de preços da Petrobras. A classe não concorda com a privatização, já que possui petróleo suficiente para manter consumo e distribuição. O que falta é a política de preço, pois a estatal brasileira possui muitos acionistas estrangeiros que têm monopolizado a situação. Apesar de terem consciência sobre a situação de crise, interferência da guerra e pandemia, a política de preços deve ser reajustada. De acordo com Amorim, o combustível precisa ser pago em real e não em dólar.