Governo
Ministro do TCU indicado por Bolsonaro para embaixada é alvo de pedido de suspeição
O relator da fiscalização dos gastos do cartão corporativo do presidente, Raimundo Carreiro, disse ser grato ao reconhecimento de ser escolhido para assumir um posto do governo no exterior.
Indicado pelo Presidente Jair Bolsonaro para embaixada do Brasil em Portugal é alvo de suspeição
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Raimundo Carreiro, foi indicado por Jair Bolsonaro para comandar a embaixada do Brasil em Portugal. O relator da fiscalização dos gastos do cartão corporativo do presidente foi alvo de um pedido de suspeição protocolado sexta-feira (19) no TCU pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO), integrante da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados.
Em maio, o colegiado solicitou ao Tribunal de Contas da União uma auditoria nas despesas sigilosas do cartão utilizado pelo presidente da República para a alimentação, hospedagem, transporte e entretenimento. O processo foi conduzido por Carreiro e tramitou sob sigilo, tendo sido concluído no dia 28 de setembro. Desde então, o caso se encontra à espera de um despacho do ministro para ir ao plenário. No último dia 4 de novembro, durante a cerimônia de abertura do leilão do 5G, Bolsonaro fez elogios públicos a Carreiro.
“Não tem quem não seja apaixonado pelo Carreiro, não tem”, disse o presidente
O presidente ainda acrescentou: “é uma das pessoas que marcou a posição nesse evento, desde quando trabalhava no Senado. Amigo de todo mundo. Se Deus quiser, vai para Portugal brevemente. Não por minha vontade. Por mim, não iria. Mas vai, porque merece”, completou.
De acordo com o deputado Elias Vaz, a indicação de Carreiro feita pelo presidente da República pode configurar um conflito de interesses, já que o ministro do Tribunal de Contas da União está fiscalizando os gastos do cartão corporativo do presidente.
Autor do pedido de suspeição do ministro do TCU afirma que: “Carreiro não pode continuar nesse processo, investigando o presidente, sendo que ele agora está sendo indicado para um cargo pelo próprio Bolsonaro. Eu vejo com muita preocupação isso. Eu acho que um ministro que está tendo esse tipo de relação com o presidente deveria se declarar suspeito e colocar outro ministro para julgar. Diante das circunstâncias, a melhor saída é o reconhecimento da suspeição”.
Ministro do TCU não se sente impedido de continuar na relatoria do cartão corporativo do presidente
O ministro Raimundo Carreiro disse ao GLOBO que não se sente impedido de continuar na relatoria do caso do cartão corporativo do presidente Jair Bolsonaro. Dizendo: “me sinto bastante à vontade para relatar todos os processos da presidência da República. Essa auditoria demora um tempo. É um processo enorme. Tem de 80 a 90 páginas. Eu recebi deve ter uma semana, duas semanas. Já mandei pautar, pois eu quero julgar. Eu quero julgar”. O ministro chegou a dizer que conhece Bolsonaro desde 1991 até os dias atuais e agradeceu pelos recentes elogios que tem recebido do presidente da República, Jair Bolsonaro, agraciado pelo reconhecimento de 52 anos de serviço público prestado.