Dicas
Robô possibilita cirurgias complexas de pulmão
Tecnologia robótica transforma as cirurgias torácicas, ampliando a precisão e melhorando a recuperação dos pacientes
O câncer de pulmão é responsável por, aproximadamente, 1,8 milhão de mortes anuais em todo o mundo, sendo a principal causa de óbitos por câncer, segundo o Global Cancer Observatory. No Brasil, a situação se mostra alarmante com a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) de cerca de 30 mil novos casos a cada ano.
Quando diagnosticados em estágios avançados, as chances de cura do câncer de pulmão diminuem. No entanto, avanços na cirurgia robótica torácica têm oferecido uma nova esperança, combinando tecnologia de ponta com técnicas minimamente invasivas. Esse tipo de cirurgia utiliza instrumental robótico, controlado por um cirurgião, a partir de um console, conforme explica o Conselho Federal de Medicina (CFM).
O cirurgião torácico Ricardo Terra explica que a precisão dos movimentos e a destreza dos instrumentos permite a realização de cirurgias cada vez mais complexas por meio da máquina. “Cirurgias minimamente invasivas, que hoje a gente realiza de forma rotineira, eram difíceis de serem feitas por técnicas abertas no passado”, afirma.
Segundo Terra, os procedimentos são feitos por meio de incisões de 8 milímetros, o que reduz a agressão à parede torácica do paciente, a dor e o tempo de recuperação, fazendo com que a técnica seja melhor quando comparada à cirurgia aberta.
A tecnologia tem sido aplicada em cirurgias eletivas e urgentes de alta complexidade. De acordo com o médico, os principais pacientes que podem ser beneficiados, além daqueles com diagnóstico de câncer de pulmão, são os que apresentam condições como nódulos pulmonares, tumores do mediastino, bronquiectasias, metástase de pulmão e necessidades de cirurgias no diafragma e do esôfago.
Casos exemplificam sucesso no uso da inovação
Casos recentes exemplificam o impacto da inovação. No ano passado, médicos de Xangai realizaram uma cirurgia torácica remota em uma paciente a cinco mil quilômetros de distância. Ela apresentava um nódulo crescente no pulmão.
A paciente foi operada sem precisar sair de sua cidade natal, na província de Casgar. Durante o procedimento, os braços robóticos foram manipulados em tempo real pelo médico Luo Qingquan, em Xangai, enquanto uma equipe coordenava a operação localmente.
Nos Estados Unidos, o Hospital NYU Langone Health foi pioneiro ao realizar o primeiro transplante duplo de pulmão totalmente robótico, em outubro de 2024. A paciente Cheryl Mehrkar, diagnosticada com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, agravada por complicações da Covid-19, passou pela cirurgia com o auxílio do sistema robótico “Da Vinci Xi”.
Em nota, a médica que liderou o procedimento, Stephanie Chang, destacou que ao utilizar os sistemas robóticos, o objetivo é minimizar os impactos da cirurgia nos pacientes, reduzindo a dor pós-operatória e, assim, proporcionando os melhores resultados possíveis.
Prevenção é a principal forma de combate da doença
Apesar dos avanços tecnológicos, a prevenção continua sendo fundamental no combate ao câncer de pulmão. O Inca aponta que apenas 15% dos casos podem ser tratados cirurgicamente, já que a doença é, frequentemente, identificada em estágios mais avançados.
Para reduzir a incidência da doença, é recomendado adotar hábitos saudáveis, como evitar o consumo de tabaco e álcool, que são conhecidos como fatores de risco para câncer de pulmão. Apenas o tabagismo é responsável por 90% das mortes por câncer de pulmão, segundo o Inca.
Ao observar qualquer sintoma, como dores e dificuldade para respirar, tosse, produção excessiva de catarro e chiados no peito, é necessário procurar um profissional da área.
Médicos também se beneficiam da cirurgia robótica
A cirurgia robótica não só beneficia os pacientes, mas também proporciona vantagens para a saúde ergonômica dos médicos. Segundo o cirurgião Ricardo Terra, ao longo de longas horas de cirurgia, a fadiga é inevitável e pode comprometer a qualidade do procedimento. “É muito provável que os resultados das últimas cirurgias não sejam iguais aos da primeira”, destaca.
No entanto, com a tecnologia robótica, os cirurgiões podem operar sentados, em uma posição confortável e ergonômica, o que diminui o cansaço físico. Isso permite que o cirurgião termine o procedimento em melhores condições em comparação com a cirurgia tradicional, que exige posturas desconfortáveis, como ficar em pé, e posições inadequadas de ombro e pescoço ao realizar operações por vídeo.